terça-feira, 7 de abril de 2015

Experiência/Desabafo #1 | A operação

Olá pessoas!

Hoje trago-vos algo diferente do habitual, algo mais pessoal. Mas, depois de ter chegado a Coimbra e ter contado a história toda às minhas colegas de casa, deu-me uma vontade enorme de escrever sobre isso e de partilhar a minha experiência com vocês também.

No passado dia 28 de Março o meu namorado foi operado aos maxilares e ao nariz (mais especificamente, para endireitar os maxilares e o nariz de modo a respirar melhor). Uma operação desejada por ele à muito tempo, sem grandes complicações...estávamos ambos bastante ansiosos e também um pouco nervosos (pelo menos eu estava!). Antes de mais é importante salientar que eu tenho um pavor horrível a hospitais, operações, internamentos, agulhas... (vocês estão a perceber).
Acordámos bem cedo, no tão esperado dia, e eu não me sentia nem nervosa nem feliz, não sentia nada, estava um bocado apática na incerteza do que iria acontecer (nunca "acompanhei" a operação/internamento de ninguém). Apenas uma coisa me preocupava: poderei passar as noites com ele na clínica? 
Depois de mais de quatro horas à espera de saber quando se ia realizar a operação, e estava o Guilherme em jejum desde a meia noite, finalmente a enfermeira entrega-lhe um pijama todo branco, uns chinelos, igualmente brancos, e pede-lhe que mude de roupa pois o doutor estava a chegar. O ambiente dentro do quarto, entre nós e os pais dele, estava aparentemente descontraído (acredito que toda a gente estava bastante nervosa "por dentro"). Quando o doutor chega com os enfermeiros e, depois de umas palavrinhas amigáveis juntamente com umas piadas, começam a levar o Guilherme para o bloco operatório o meu coração parou, quase literalmente. Não me lembro no que pensei, nem se quer se pensei em alguma coisa, deixei de respirar uns segundos e, estática, nem se quer me "despedi" dele, como os pais fizeram. Com o quarto mais vazio, menos uma cama, menos uma pessoa, senti um arrependimento enorme e comecei a passar-me, "OH DIANA! NEM SE QUER UM BEIJO? AGORA SE LHE ACONTECER ALGUMA COISA QUERO VER COMO É QUE TE VAIS SENTIR!".
Para não morrermos à fome, fui com os pais dele até ao fórum buscar o nosso almoço. As minhas frases saiam pesadas, secas, apáticas como eu. Pensava em tudo ("Será que já começaram?", "Como estará a correr?", "E se acontecer alguma coisa e nós não estamos lá?"), mas não pensava em nada.
Um quarto de hora depois, já de volta ao quarto da clínica, esperávamos. Ouvia música, ia ao computador, via televisão, lia um livro... O doutor disse que por volta das 13h30 ele saia, já eram 14h e nada...
Quando finalmente vêm buscar a cama ao quarto para o ir buscar, o meu coração decidiu começar a bater outra vez. Passam 15 minutos, meia hora... O meu coração acelerava. 
Voltou a parar quando entra uma cama no quarto, três enfermeiros a dizer que demoraram porque o Guilherme vomitou muito sangue assim que acordou e eu vejo-o de olhos fechados, muito pálido e muito inchado na cara. Os enfermeiros metem-lhe gelo, a máscara do oxigénio... e eu só olhava meia sentada meia em pé, com uma vontade enorme de ir ter com ele.
Ele não falava, fazia gestos para os enfermeiros, mal abria os olhos. 
Cheguei ao pé dele e dei-lhe um beijo na testa, "Olá", disse, "Huum", respondeu, e eu sabia que isso significava "amo-te".



Espero que tenham gostado.
Eu adorei desabafar com vocês.

Mil beijinhos,
Diana

3 comentários:

  1. Não se faz isto! Não nos podes deixar assim na expetativa :( Ainda bem que acabou tudo bem! As melhoras para o Guilherme.
    Beijinho

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    1. Ahah, prometo que não é por muito tempo! :)
      Obrigada <3
      Beijinhos

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